
“Mas a minha empresa nem trabalha com dados pessoais…”
Essa é uma das frases mais comuns entre empresários e gestores, quando o assunto é LGPD para empresas. O equívoco está em imaginar que lidar com dados exige um grande volume de informações ou sistemas complexos.
No entanto, se sua empresa guarda o nome e telefone de um cliente, registra currículos, faz campanhas de e-mail marketing ou coleta formulários de contato, ela já está tratando dados pessoais. Portanto precisa estar em conformidade com a lei.
Desde que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor, a gestão de informações pelas empresas deixou de ser apenas uma questão técnica. Ela passou a impactar diretamente a forma como a organização é percebida e sua reputação no mercado.
Multas, sanções e, principalmente, perda de confiança podem atingir empresas de qualquer porte, inclusive aquelas que acreditam “não estar no radar” das auditorias. A boa notícia é que adequar-se à LGPD não precisa ser complicado.
Mas afinal, por onde começar para garantir que sua empresa esteja em dia com a LGPD? Com um plano de ação simples, é possível dar os primeiros passos rumo à conformidade com a lei e proteger não apenas os dados que você coleta, mas também a credibilidade e o futuro da sua empresa.
O que é a LGPD e por que ela importa para as empresas
A LGPD para empresas (Lei Geral de Proteção de Dados, nº 13.709/2018) foi criada com um objetivo simples, mas essencial: proteger as informações pessoais de qualquer cidadão.
Em outras palavras, ela garante que os dados de clientes, colaboradores e fornecedores sejam coletados, armazenados e usados de forma segura, transparente e com consentimento.
Isso significa que toda empresa, de um pequeno escritório contábil a uma indústria de médio porte, tem a responsabilidade de cuidar dos dados que coleta. E essa responsabilidade não é apenas técnica, é também jurídica e reputacional.
A LGPD define regras sobre como informações como nome, CPF, endereço, e-mail, histórico de compras e até dados de navegação devem ser tratados. O foco não é impedir o uso de dados, mas sim garantir que eles sejam utilizados com respeito e segurança.
Pequenas e grandes empresas: obrigações diferentes, mas responsabilidades iguais
Muitas pequenas e médias empresas acreditam que a LGPD “vale só para as grandes”, mas isso é um engano comum. A diferença está no nível de formalidade e complexidade das medidas, não na obrigação.
Empresas menores podem adotar soluções mais simples, como planilhas de controle, políticas básicas de privacidade e sistemas de backup seguros. Mesmo assim, precisam demonstrar que cumprem os princípios da lei: transparência, segurança e consentimento.
Já empresas maiores, com grande volume de dados, precisam implementar controles mais robustos, como auditorias periódicas, sistemas de criptografia e relatórios de conformidade.
Mas o princípio é o mesmo para todas: quem coleta dados, deve protegê-los.
E o que acontece quando a empresa não cumpre a LGPD?
Além do risco de multas que podem chegar a 2% do faturamento bruto anual, há outros impactos que podem ser ainda mais sérios: perda de credibilidade diante de clientes e parceiros, bloqueio do uso de bancos de dados e exposição negativa da marca.
A verdade é que a LGPD veio para ficar e, estar em conformidade, virou um diferencial competitivo. Empresas que mostram cuidado com os dados inspiram confiança e constroem relações mais sólidas com seus clientes.
5 pilares que sustentam a conformidade
Para entender como funciona a LGPD para empresas, é importante lembrar que ela não se resume a termos jurídicos ou configurações técnicas. A lei se baseia em princípios que devem orientar todas as decisões relacionadas ao uso de dados pessoais.
Os princípios podem ser traduzidos em cinco pilares práticos, que ajudam o gestor a colocar a conformidade em ação no dia a dia:
1. Consentimento e transparência
O primeiro pilar é garantir que o titular dos dados (cliente, colaborador ou fornecedor) saiba exatamente porque e como suas informações estão sendo usadas. Nada de letras miúdas ou termos genéricos: o consentimento deve ser claro, e a comunicação simples.
Isso vale para formulários, cadastros e até campanhas de marketing. Sempre pergunte: a pessoa sabe o que está autorizando?
2. Finalidade e minimização de dados
A LGPD estabelece que os dados devem ser coletados apenas para finalidades específicas e legítimas, e na menor quantidade possível para atingir esse objetivo. Por exemplo: se o propósito é enviar uma newsletter, você precisa apenas do e-mail, não do CPF.
Esse cuidado evita riscos desnecessários e mostra que a empresa respeita o princípio da minimização, uma das 5 coisas que a LGPD exige das empresas.
3. Segurança e prevenção
Proteger dados significa adotar medidas práticas para impedir acessos indevidos, vazamentos ou perdas. Isso inclui o uso de antivírus, backups regulares, autenticação de dois fatores e controle de acesso aos arquivos.
Mais do que reagir a falhas, é preciso agir preventivamente. E é aí que entra o valor de ter um parceiro de TI atento e proativo.
4. Responsabilidade e prestação de contas
Cumprir a LGPD é mais do que dizer “nós protegemos os dados”: é conseguir provar isso. Empresas precisam registrar suas políticas, guardar evidências de consentimento e manter relatórios atualizados de incidentes ou backups.
Essas provas são fundamentais em auditorias e demonstram responsabilidade e governança, algo cada vez mais valorizado no mercado.
5. Direitos do titular
Por fim, a LGPD garante a qualquer pessoa o direito de saber quais informações uma empresa possui sobre ela, pedir correção, exclusão ou até a portabilidade desses dados.
Oferecer esses canais de forma simples e acessível é um sinal de respeito e transparência, além de reduzir o risco de reclamações formais ou ações judiciais.
Seguir esses cinco pilares é o primeiro passo para mostrar que sua empresa leva a privacidade a sério. Eles formam a base de uma cultura de proteção de dados sólida e, mais do que evitar multas, ajudam a construir confiança com quem realmente importa: seus clientes.
Como implementar um plano de ação em TI para conformidade com a LGPD
Falar em conformidade com a LGPD pode parecer algo distante da rotina de uma pequena ou média empresa. Mas, na prática, trata-se de organizar processos e adotar hábitos simples de segurança e transparência.
O segredo não está em dominar termos técnicos ou leis complexas, e sim transformar a gestão de dados em algo previsível, documentado e fácil de demonstrar em uma auditoria.
Por isso, reunimos um plano de ação direto e acessível, pensado para gestores que querem proteger sua empresa e mostrar responsabilidade com os dados que coletam:
1. Mapeie os dados que você coleta
Antes de tudo, é fundamental saber quais informações você armazena, onde e por quê.
- Faça uma lista de dados de clientes, fornecedores e colaboradores.
- Identifique planilhas, sistemas e formulários digitais.
- Pergunte: isso é realmente necessário para meu negócio?
Esse mapeamento é o ponto de partida para todas as decisões seguintes.
2. Revise políticas e contratos
Todas as informações coletadas precisam estar amparadas por regras claras.
- Atualize contratos com fornecedores que processam dados para você.
- Redija ou ajuste a política de privacidade de acordo com os princípios da LGPD.
- Deixe a linguagem simples e compreensível — ninguém precisa decifrar termos jurídicos complicados.
3. Defina responsabilidades
Mesmo em empresas pequenas, é importante que alguém seja responsável pelos dados.
- Nomeie um encarregado de proteção de dados (DPO) ou um responsável interno.
- Garanta que essa pessoa tenha autonomia e ferramentas para acompanhar processos e auditorias.
4. Invista em segurança da informação
A LGPD não se limita a regras jurídicas: a tecnologia é sua principal aliada.
- Configure backups regulares e verifique se estão funcionando corretamente.
- Use antivírus atualizados, autenticação em duas etapas e controle de acesso a sistemas críticos.
- Registre evidências de monitoramento, para comprovar conformidade em auditorias.
5. Treine sua equipe
A conformidade começa com pessoas.
- Oriente funcionários sobre boas práticas de manuseio de dados.
- Explique procedimentos de segurança, consentimento e comunicação com clientes.
- Pequenos cuidados do dia a dia reduzem grandes riscos futuros.
Mesmo sem ser especialista, acompanhar indicadores simples de TI, como frequência de backups, registros de incidentes e acessos a sistemas, ajuda a tomar decisões seguras e embasadas.
Erros mais comuns na adequação à LGPD
Mesmo empresas que querem se adequar à LGPD acabam cometendo falhas que podem gerar multas, sanções e prejuízos de imagem. Entender esses erros é fundamental para evitar multas LGPD e garantir que os dados estejam realmente protegidos.
1. Falta de controle sobre planilhas e e-mails
É comum que dados de clientes, fornecedores ou colaboradores fiquem espalhados em planilhas, e-mails ou sistemas pouco organizados. Quando isso acontece, a empresa perde visibilidade e controle, tornando-se vulnerável a vazamentos ou acessos indevidos.
2. Uso de sistemas sem proteção adequada
Ter sistemas digitais é essencial, mas não basta apenas usar softwares, eles precisam ser configurados corretamente e protegidos com boas práticas de segurança. Sistemas desatualizados, sem criptografia ou autenticação forte, expõem dados e aumentam o risco de incidentes que podem gerar multas e prejuízos reputacionais.
3. Ausência de políticas de privacidade claras
Muitas PMEs ainda não possuem políticas de privacidade formalizadas ou disponíveis para clientes e colaboradores. Sem uma comunicação clara, fica difícil provar que a empresa cumpre a lei, e a credibilidade perante clientes e órgãos de fiscalização é comprometida.
4. Falhas de comunicação com o titular de dados
A LGPD garante direitos aos titulares dos dados, como acesso, correção e exclusão de informações. Ignorar essas solicitações ou responder de forma confusa pode gerar reclamações formais e penalidades, além de prejudicar a confiança do cliente.
Ainda acha que a LGPD não se aplica à sua empresa?
Se você ainda acha que sua empresa nem trabalha com dados pessoais, pense novamente. E-mails, planilhas, cadastros de clientes ou colaboradores: tudo isso são dados que precisam ser protegidos.
Ignorar essa realidade é assumir um risco que pode impactar finanças, reputação e confiança. A conformidade, no entanto, não precisa ser um bicho de sete cabeças.
Processos claros, políticas simples e rotinas básicas de segurança em TI já fazem uma grande diferença, tornando sua empresa mais segura e preparada para auditorias e seus clientes mais confiantes na proteção de seus dados.Quer saber mais? Converse com nossos especialistas e conheça as soluções sob medida da Blocktime para a sua empresa.